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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quando nem tudo é como a gente quer...

Sempre quando as coisas me desagradam, repito essa frase para eu mesmo, porque aprendi que precisamos trabalhar em nós o contentamento. Precisamos aprender a aceitar as coisas e as pessoas como elas são, sem muitas cobranças, sem muitas expectativas, tentando manter a auto-estima quando ouvimos um não e, ao mesmo tempo, sabendo nos preservar quando é hora de ir embora.
Tudo uma questão de bom senso e de maturidade.

Hoje acho que o tempo pode, sim, correr a nosso favor, e não trocaria por nada deste mundo os meus tantos anos pelo meu tempo na juventude. Acho que cada ano que se passou trouxe uma quantidade enorme de aprendizado, de purificação espiritual e de aprimoramento.

Quando era mais jovem não sabia esperar, não sabia permitir a ação inexorável do tempo. Queria que as coisas acontecessem do meu jeito e sofri demais por conta disso. Mas achava que sofria por amor, pelas pessoas, pelo descaso de alguns, pela falta de entendimento com outros... Quando, na verdade, sofria por eu mesmo e por não compreender que de fato nem tudo é como a gente quer.

Pensando nisso, lembrei de São Francisco, ser de grande luz, que ensinou o amor e o desapego, patrono dos animais que agora também foi convocado para defender o meio ambiente... Aliás, nada mais natural para aquele que ensinou o respeito e o amor por tudo o que estava à sua volta. Ser tão iluminado que perdeu a noção do eu egoísta e assumiu o compromisso espiritual com o nosso eu generoso.

São Francisco para mim é o exemplo do contentamento, da aceitação das diferenças, da importância de dar amor, mesmo quando somos incompreendidos. Sinto que podemos tentar fazer isso, mesmo sem sermos santos... Podemos tentar começar essa tarefa de aceitação amorosa compreendendo aqueles que fazem parte do nosso círculo familiar. Mas concordo que pode ser difícil, não é amigo?

Sei que pode... Justamente porque é na família que encontramos nossos mais queridos companheiros e nossos mais complicados desafios kármicos, porém, lembrando que tudo isso acontece na energia do amor, que ora pode faltar, ora pode nos completar.

E já que nem tudo é como a gente quer, por que não abrir a visão e encontrar coisas que nos agradam, mesmo naquilo que temos que aceitar? Pois pode ser que justamente nesse mergulho para encontrar o bem, sejamos recompensados!

Imagino que não foi muito fácil São Francisco arrumar coragem para sair do seu mundinho e expandir sua luz. Penso que ele teve que ter um grande impulso para largar suas roupas, sua história, dinheiro, costumes de família e seguir a voz interior. Com certeza, ele percebeu que não poderia mais ser conivente com coisas e situações que agrediam sua fé e compaixão.

Trazendo esse exemplo para nossa vida, podemos perceber que em alguns momentos precisamos ser fortes para romper e, em outros, temos que ser ainda mais fortes para aceitar. O que não podemos é fechar os olhos para as experiências da vida quando já estamos prontos para aprender com os desafios. 

Acontecerão momentos que o certo será dizer não, e outros que o correto será ter humildade para dizer sim.


Boa sorte para nós...

Um comentário:

José Márcio disse...

Eduardo, muito bonito esse texto, nos leva a refletir muito sobre o nosso "eu" interior, e com certeza, Francisco de Assis é um grande exemplo de amor e renúncia. Deus o abençoe!