O olhar para dentro do ser humano ultrapassa a barreira do tempo. Não somos peças dispersas do tabuleiro universal, sem identidade, história ou importância no contexto da vida. Somos seres dos extremos, ou nos damos exagerada importância, ou nos consideramos seres perdidos no labirinto da existência. O segredo está no meio-termo, caminho do meio ou equilíbrio de forças: nos situarmos no cosmos enquanto seres inteligentes dotados de fantástica capacidade de evolução a partir da expansão de consciência.
O atual nível médio de consciência humana impede o ser inteligente de superar os seus bloqueios psíquicos relacionados à área das emoções. Cativo do próprio passado, o ser alterna entre altos e baixos como o prisioneiro, que pela janela de sua cela, vislumbra a liberdade sem condições imediatas de usufruí-la.
O olhar intervidas, portanto, surge como uma necessidade de compreendermos porque o homem sofre e vem sofrendo há milênios de males incuráveis relacionados à saúde, que são as doenças. E olhar interdimensionalmente a existência humana, sobre o planeta Terra, requer sentir-se livre de amarras que nos prendem ao convencionalismo materialista que observa o indivíduo como "produto" de uma única infância.
Temos uma vaga noção sobre o amor. Para nós, amor está relacionado ao sexo, e amar possui uma relação inconsciente com a nossa demanda afetiva ainda presa às necessidades narcísicas, ou seja, desejamos mais amor do que podemos oferecer...
Não entendemos, por exemplo, que amor é uma energia onipresente, livre e independente de nossas neuroses afetivas, mas que encontra-se à nossa disposição sempre que dela precisarmos nos momentos de aflição.
O amor não tem contra-indicações, no entanto, preferimos olhar-nos como subprodutos do meio e tratar nossos males como se não tivéssemos alma. A percepção de nossa densidade energética relacionada à dimensão física, limita a percepção suprasensorial conectada à essencia do que somos. Acabamos nos conformando em ser o que não somos devido à falta de visão mais apurada do que verdadeiramente somos.
O olhar interdimensional sobre o ser humano observa o amor como mecanismo de cura de todos os seus males. Mas não curas milagrosas e, sim, o autoconhecimento como forma de expandir a consciência até chegarmos a um nível mais profundo do significado do amor em nossas vidas.
A ignorância sobre o amor tem levado gerações e gerações de humanos a repetir os mesmos equívocos na educação e na saúde. Pela falta de uma visão - ou olhar - intervidas, construimos uma cultura alicerçada no "aqui-agora" da existência, onde o nível de percepção acompanha o homem em sua luta pela sobrevivência baseada na competitividade, ou seja, na "lei do mais forte" que nos acompanha desde tempos imemoriais.
Na verdade, carregamos conosco um medo atávico do profundo significado do amor, porque, inconscientemente, "sabemos" que tudo que atribuímos ao "desconhecido" exige-nos uma compreensão daquilo que representam as nossas limitações associadas às experiências terrenas. E nessa orientação é preferível repetir o ciclo de nossas limitações do que aprofundarmos o conhecimento sobre o amor.
Absortos aos reflexos de nossa realidade imediata, a dimensão da matéria, não percebemos que somos consequência de erros e acertos de uma história multi-milenar, onde o amor entrou e passou por nossas vidas sem entendermos o seu "recado".
O olhar intervidas resgata do histórico de muitas vidas do espírito imortal, a verdade de cada um em relação ao estado de coisas que representa a sua existência, revelando, de forma transparente, o que ele precisa transformar em si mesmo na relação com o outrem e com o mundo.
O amor, que não tem contra-indicações, invariavelmente, é o remédio para todos os males da alma e do corpo, desde sentimentos não resolvidos que nos desarmonizam e geram doenças, revolta ou atitudes desesperadas, até situações em que na busca de um sentido para a vida, recorremos a Deus.
A vida tem sentido, sim, a começar pela responsabilidade assumida consigo próprio e com tudo aquilo que diz respeito à nossa realidade circundante, que podemos contribuir para transformar se estivermos focados na direção do bem e do amor fraternal. Esse é o desafio de todos, mas, principalmente, de quem tem responsabilidades sobre o outro que é o caso dos pais, educadores, terapeutas, médicos, religiosos, governantes e cientistas em geral. Dessa forma, estaremos conectados como seres que se valorizam por compreenderem que o amor em nossas vidas possui um amplo significado: saúde e felicidade.
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